Agricultores que produzem frutas na região do Vale do São Francisco, no norte da Bahia, afirmam já ter perdido cerca de 50% da safra com a greve dos caminhoneiros, que chegou ao 9º dia nesta terça-feira (29). Somente uma fazenda do município de Juazeiro que exporta uvas e mangas já contabiliza mais de R$ 2 milhões em prejuízo.
Com a falta de caminhões para escoar a produção, os produtores precisam reduzir a colheita e muitas frutas acabam apodrecendo ainda no pé.
Do Distrito Irrigado de Maniçoba, em Juazeiro, saem cerca de 300 toneladas de manga por dia para todo o país, mas parte da produção está sendo perdida. O agricultor Valdimiro Pereira, que a cada safra colhe 30 toneladas da fruta, não esconde a preocupação. Ele já perdeu 50% da plantação e fala em prejuízo de R$ 30 mil.
“Há preocupação para a gente vender, porque não tem caminhão, não tem comprador, não tem ninguém. Aí como vamos fazer para vender essa manga? O jeito é esperar a greve acabar”, destaca.
Outro problema enfrentado pelos produtores é com relação à distribuição da água que chega às plantações através de um canal construído pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) para irrigar as plantações. Isso porque, para que a água seja distribuída, caneleiros precisam abrir comportas, mas eles não estão tendo transporte para poder trabalhar por falta de combustível.
Exportação
Uma fazenda de Juazeiro especializada em exportação de uvas e mangas teve a colheita reduzida em 70% e o prejuízo já passa dos R$ 2 milhões.
Parte das frutas, que deveriam ser levadas para diversos estados do Brasil e até para outros países, estão chegando, no máximo, somente até o Mercado do Produtor, um dos maiores entrepostos de hortifruti do Norte e Nordeste do Brasil, que também está com desabastecimento.
“Já era para ter colhido, aproximadamente, algo em torno de 10 hectares de uva, mas devido a essa paralisação dos caminhoneiros a colheita dessa fruta foi adiada. As frutas que não tinham mais condições de adiar, por não poder viajar, a gente tentou comercializar no Mercado do Produtor, e acaba não pegando uma remuneração satisfatória”, afirma o gerente comercial da fazenda, Roberto Carvalho.
Na fazenda, as frutas já colhidas são armazenadas em um galpão, onde 120 trabalhadores atuam na embalagem e armazenamento da mercadoria. A maioria já foi vendida, mas não tem como ser levada para os compradores por falta de transporte.